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Rádio: Uma história com começo, e por enquanto, sem fim

O rádio é um queridinho dos mais velhos. Mas também é amigo dos que usam carro, daqueles que pegam ônibus, que trabalham fora ou em casa. O rádio transmite notícias, músicas e entretenimento. Mas talvez “companhia” seja a característica mais especial desse meio de comunicação.

Entra ano sai ano, o rádio continua firme e forte. E quem imaginava que uma tecnologia descoberta em 1831 iria durar até 2020? Pois é, o rádio venceu aparelhos, novidades, gerações e hoje, está mais forte do que nunca.

 

Mas você sabe como tudo começou?

A indução magnética foi descoberta em 1831 por Michael Faraday. Porém, apenas em 1887 foi criado a propagação radiofônica, feito por Henrich Rudolph Hertz. Ele descobriu que, unindo duas bolas de cobre, saiam faíscas que atravessavam o ar e esse seria o princípio do rádio.

Em 1896, em Londres, foi criada a primeira companhia de rádio, desenvolvida pelo cientista italiano Guglielmo Marconi. Nesta época, a emissão e recepção dos sinais eram feitos sem fio. Algumas evidências apontam que, antes de Marconi, o padre brasileiro Landell de Moura criou um experimento semelhante. Em 1892, na cidade de Campinas, em São Paulo, o padre teria utilizado uma válvula amplificadora com três eletrodos para transmitir e receber a voz humana. Porém, na época, o padre foi acusado de realizar bruxarias em função dos aparelhos que havia criado e foi proibido de patentear a ação.

Em 1897, Oliver Lodge inventou um circuito elétrico, e com isso, foi possível mudar a sintonia selecionando a frequência desejada.

O padre Landell e sua criação (SuperInteressante)

 

E no Brasil? 

A história do meio de comunicação mais popular no país começou em 1922, quando o presidente Epitácio Pessoa, realizou a primeira transmissão radiofônica no país, mais precisamente no Rio de Janeiro. A data marcava o centenário da Independência do Brasil. Graças à instalação de uma retransmissora e de aparelhos de recepção, o discurso do presidente foi ouvido em Niterói, Petrópolis e São Paulo.

Para reproduzir o discurso de Epitácio Pessoa, foi preciso montar uma estação no Corcovado.

A primeira emissora radiofônica brasileira, Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, foi criada em 1923, que pertencia ao escritor e cientista Roquete Pinto e ao cientista Henrique Morize. Ela foi ao ar com uma programação que incluía jornais falados, aulas e música. Mas na época, a publicidade no meio de comunicação ainda não era permitida. Apenas em 1932, o presidente Getúlio Vargas autorizou a divulgação de comerciais nas emissoras.

Roquette-Pinto comandando a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (Foto: site da Rádio Roquette-Pinto)

Radionovela

As décadas de 1930 e 1940 foram essenciais para a história do veículo. A chamada “Era de Ouro do rádio” foi marcado por uma transição no meio de comunicação, quando o aparelho se popularizou e se tornou um meio de entretenimento. A “Era de Ouro do Rádio” contribuiu para a evolução tecnológica dos aparelhos e transmissões, já que as emissoras desejavam melhorar a qualidade técnica e também facilitar o processo de produção de conteúdos.

As radionovelas estimulavam a imaginação dos ouvintes, que acompanhavam as histórias com efeitos criativos de sonoplastia e vozes que encantavam e seduziam. Segundo Rose Saconi, para uma coluna do Jornal Estado de S. Paulo, uma folha de zinco balançando representava uma tempestade terrível. Já as cascas de coco batendo na mesa, representavam o galope de um cavalo.

Em 1941, estreava “A Predestinada”, na Rádio São Paulo, e “Em Busca da Felicidade, no Rio de Janeiro, transmitida pela Rádio Nacional. Essas foram apenas duas das radionovelas mais conhecidas pelos brasileiros.

Os patrocinadores brigavam para ocupar o horário nobre das radionovelas. Marcas como Palmolive, fermento Royal e sabonetes Gessy Lever tinham vendas garantidas após o anúncio.

 

Confira alguns trechos das radionovelas:

 

E os atores ganharam fama e até hoje são lembrados. Paulo Gracindo, Henriqueta Brieba, Mário Lago, Wanda Lacerda, são apenas alguns que fizeram sucesso nas radionovelas. Mas os autores das produções também ficaram conhecidos, como Ivani Ribeiro, Janete Clair e Dias Gomes.

Como eram feitos os efeitos sonoros das radionovelas. (Foto: Rock’n Tech)
Bastidores de uma radionovela (Foto: UFPB – Radialismo)

A “Era de Ouro” também foi marcada por grandes vozes, como Maysa, Angela Maria, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Inezita Barroso, Marlene e tantas outras.

 

Dalva de Oliveira

 

Programas de Auditório

Os programas de auditório fizeram escola para a televisão brasileira. Nesta época, o rádio vivia seu melhor momento e, junto com ele, havia o surgimento de grandes cantores, compositores e de toda uma geração de humoristas em programas que marcaram época no Brasil.

Sabe os shows de calouros que a TV possui? Eles foram inspirados nos programas das emissoras, que procuravam e lançavam artistas em shows de calouros. Assim surgiram grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Ary Barroso, Dalva de Oliveira e Orlando Silva.

Até alguns anos, diversas rádios brasileiras faziam programas especiais para reviver os saudosos programas de auditório. São conteúdos feitos já pensando na plateia, na troca de experiência e na aproximação de ouvinte e rádio. Os programas são feitos em teatros, salas de empresas e até mesmo em mesa de churrascaria. Claro, o ouvinte ama participar destes momentos.

Programa de auditório da Rádio Nacional nos anos 40. (Foto: Acervo O Globo)

 

As notícias no Rádio

Sabe aquela frase comum falada antigamente: “Deu no rádio”? Então, o meio de comunicação criou credibilidade com os mais velhos, que passaram esse costume para as outras gerações.

Hoje, qualquer um pode postar um conteúdo na internet, mas no rádio não! Isso começou em 1937, quando a Rádio Bandeirantes foi a primeira emissora a divulgar notícias durante toda a programação. Já em 1941, a Rádio Nacional lançou o Repórter Esso, que foi o primeiro rádio jornal brasileiro.

O programa foi essencial ao fazer jornalismo do Brasil, pois havia preocupação com a qualidade dos textos, que se tornaram objetivos e com linguagem simples. Outro ponto foi a criação de horários específicos para um programa jornalístico e com duração fixa, de cinco minutos.

 

Tecnologias e o aparelho rádio 

É incrível pensar, mas a Guerra contribuiu para a criação de tecnologias. Uma delas foi o gravador magnético, que se tornou um equipamento comum a partir dos anos 1950, após a Segunda Guerra Mundial. Com ele, foi possível fazer montagens sonoras, com trechos escolhidos e reproduzir imediatamente a gravação.

Nessa mesma época, surgiram as emissoras com transmissão frequência modulada, ou FM. Antes, eram usadas apenas a amplitude modulada (AM). Com a mudança, a transmissão FM passou a ter mais qualidade no som.

Mas agora, vindo para a atualidade, o rádio bate de frente com outros canais, como TV, serviços de streams, internet e até mesmo com os bluetooth dos carros. Porém, um ponto positivo para o rádio é o de companhia. Ele está ali por você, mas você pode desenvolver outras atividades enquanto escuta, diferentemente de outros serviços, como a internet.

Lembra da história de acompanhar a tecnologia? Mesmo com o surgimento da TV, dos serviços de streams e de outras plataformas, o rádio se fez e está presente em cada uma delas.

Ou seja, hoje, além da mobilidade do rádio, já que ele pode ser ouvido no carro, nos celulares, no computador ou no aparelho, com as outras plataformas e a presença das emissoras em cada uma delas, os ouvintes têm a possibilidade de interagir com a rádio por meio de ferramentas da internet.

 

“Seja, viva, ouça e sinta o rádio. Você faz parte disso.”

 

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