A mulher do fim do mundo: a voz do milênio
Famosa por sua voz rouca, e por ser uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira, Elza Soares completou 90 anos no último dia 23 de junho . A cantora vem se reinventando e promovendo reflexões em suas melodias durante seus 55 anos de carreira.
Elza nasceu na favela Moça Bonita, onde hoje é conhecida pelo nome de Vila Vintém, no Rio de Janeiro. Ela começou a cantar com 5 anos, com 12 foi obrigada a se casar e logo em seguida teve o seu primeiro filho. A cantora teve sete filhos, porém devido à precariedade onde vivia, dois deles morreram de fome.
A cantora começou a sua carreira na Rádio Tupi, em 1953, onde realizou testes de audição e ficou em primeiro lugar. Já em 1959, ela foi contratada para atuar na Rádio Vera Cruz, onde trabalhou no Festival Nacional de Bossa Nova. Deste então, Elza não parou de mostrar sua voz por todo canto do Brasil.
Em 1963, com 26 anos, Elza gravou ‘’Eu sou a outra’’, música que abordou questões que na época eram vistas como tabu, já que a o conservadorismo da sociedade ficava ainda mais latente ao ver uma mulher, jovem e negra cantando melodias que falavam sobre traições, empoderamento feminino, violência e preconceitos. Na época isso era algo absurdo, e devido à esse comportamento de Elza, anos depois, sua casa foi metralhada pela Ditadura Militar. Ela e o marido, Mané Garrincha, tiveram que fugir do Brasil após a perseguição Militar.
Em 1999, Elza Soares, ela foi eleita a Mulher do Milênio pela BBC, e em 2003, obteve reconhecimento indicada ao Grammy Latino pelo álbum ‘’ Do Cóccix ao Pescoço’’. Já em 2015, com 50 anos de carreira, ela lança o álbum ‘’ A mulher do fim do mundo’’, com canções originais. O álbum ficou entre os destaques internacionais e em 2016, foi considerado o melhor disco brasileiro. Nele é abordado temáticas sobre violência contra mulheres e preconceito racial. ‘’A mulher do fim do mundo, deu a Elza Soares o seu primeiro Grammy Latino, nomeado como o melhor álbum de música Popular Brasileira.
E ao longo desses anos de histórias e lutas em sua vida, Elza continua firme mostrando para o que veio. Trazendo em suas canções o poder da mulher negra em meio a lutas diárias.
